top of page

Um olhar sobre o que está acontecendo no Afeganistão...




É com angústia que assistimos de longe a repetição desse mecanismo da violência.

Em nome de uma autoridade intangível, seja Deus, Alá, Maomé ou a própria Guerra ao Terror, a fabricação de inimigos e a dinâmica de atribuição de culpados são usados como justificativas para a negação de qualquer responsabilidade sobre atos de coerção, cessão de liberdade, ameaças, apedrejamentos e matanças.


É um caminho sem saída. Aliás, a saída é a morte – e se fosse ela a autora das histórias de guerra, pensaríamos mesmo que há um vencedor?


Seguimos com o anseio ainda mais urgente pelo caminho da não-violência, nos contorcemos em busca de esperança e, nesse esforço, nos centramos no grito contido de que a humanidade, o humano, a vida, não pode ser um meio, mas uma finalidade em si mesma, e portanto, sua proteção precisa ser um princípio de qualquer liderança.




Para além da comunicação, para que a não-violência seja estabelecida é necessário um grande foco em produção cultural. Os adeptos da dominação já aprenderam isso, não é à toa que os rádios afegãos, em tão pouco tempo de insurgência, já têm um direcionamento tão específico.


A sensação de impotência por estarmos tão longe faz suar as mãos e apertar a garganta, e para construir algum sentido disso tudo, essa pergunta nos chega como a vontade de enviar esse convite em amplo alcance:


Como podemos nos tornar defensores, promotores e produtores de uma cultura que resgate a valorização da humanidade (em toda sua diversidade) aqui mesmo, no nosso exercício cotidiano, onde temos a capacidade de influenciar?




E mesmo onde o Mito da Violência Redentora (ref. Walter Wink) que tem a punição como principal recurso para o controle social anuncia o seu modus operandi de maneira tão escancarada para o mundo, a necessidade humana de colaboração se impõe.


É aqui que a angústia que busca esperança se torna vigilante. “Que as pressões internacionais possam inibir e conter de alguma forma essa violência tão escancarada” (sem recorrer à guerra) se torna quase que um mantra. Ingenuidade? Talvez... mas a alternativa, que é a cultura da violência, está (ou já nasceu) falida...


No que nos cabe, seguimos ainda mais focadas na expansão da ideia de que a compaixão, na prática, é a mais poderosa ferramenta que precisamos infiltrar no funcionamento das instituições sociais.




Enviamos toda nossa solidariedade a todos afegãos que agora lotam aeroportos e correm atrás de aviões em busca de uma vida não pautada pelo medo, em especial às mulheres, alvo óbvio da desumanização promovida por esse regime.


Autora: Jade Arantes

Revisão: Liliane Sant'Anna e Nolah Lima

bottom of page